segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

"Serei, disse que sim e pronto! Serei!"
Ela gritou ao vento, da janela do quarto da casa, do segundo andar. Mocinha rica, bonita moça, menina do campo; não quis ficar.
O pai ouviu, não quis saber. A mãe se viu desesperada aos dezesseis, voltou no tempo.
"tac tac tac tac"
Os sapatinhos de garota, da menina moça, descendo do segundo andar. Os olhos fúlgidos; perdidos no futuro palpável. As mãos tenras na bolsinha azul, com dinheiro para ir pro sul.
Foi-se a garota, menina ingênua, jovial.
A mãe chorava, estérica, nada fez. O pai morreu, mas há muito que morreu, por dentro ele se foi, então só não sentiu.
"vruum vrum vruuum"
Corria o carro, ela corria, a cidade inteira em seus olhos se perdia.
A alma jovem, a rara jóia, a que seria; se foi e perdeu.
Da janela do quarto do apartamento, do décimo quinto andar do prédio, ela gritou.
Ela gritou e ninguém ouviu.
Chorava a moça, desesperou. Se viu na mãe, não suportou.
Voltou à janela e não mais gritou.
Viu seu reflexo e pulou.

2 comentários:

  1. Gosto muito do seu estilo literário!
    Não sei dizer se se parece com algum escritor que me entusiasme ou se existe alguém parecido. MAs de fato gosto muito de como você se expressa.

    Parabéns, Bruna!

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